terça-feira, 15 de abril de 2008

Um presságio


Veríssimo, o filho, já falava de defenestrar. Mas nós tão leigos, nem entendíamos o significado. Foi através de sua crônica que eu descobri que Defenestrar vem do francês fenêtre que significa janela.
Defenestrar é jogar algo ou alguém pela janela. Quando li, juro, achei engraçado. Veríssimo também. Todos os leitores também. Inventar uma palavra pra isso. Tinha que ser francês! Depois a fantástica ironia desse escritor para ilustrar os usos da palavra. O homem na cama com a mulher na lua de mel. – Amor, sou um defenestrador. E ela tímida respondendo: estou pronta para tentar de tudo. Ele aparece segundos depois no pátio totalmente quebrado e a multidão o envolve e ele diz: Fui defenestrado. E a multidão diz: - Coitado e depois ainda o jogaram pela janela!
Na época, não tinha como não gargalhar. Era fantástico. Uma das melhores crônicas que eu já tinha lido.
Veríssimo, o filho, continua fantástico. Com textos atuais, cativantes e maravilhosos. Mas essa crônica, defenestração, em particular, não me faz mais rir. Saiu da crônica, aqueles textos críticos da segunda página do jornal para a primeira manchete.
E perdeu a graça, perdeu a magia. Perdeu o encanto. Perdemos a Isabela.

2 comentários:

Paty Augusto disse...

Sem palavras para comentar o acontecido... Que Veríssimo é fantástico é inegável, porém todos se calam diante dessa barbaridade. Não há o que se comentar. O que esse texto pede é um minuto de silêncio...

Paty Augusto disse...

Aliás, eu me enganei... mais do que o silêncio, esse texto pede é um grito de justiça.