sábado, 29 de outubro de 2011

O nascimento da escrita

Parece que foi ontem que te vi nascer. Tão pequena e enrolada nos vícios da linguagem. Rimas paupérrimas seria o rótulo da crítica. Mas pobre de que? Carente de preconceito, sem palavras rebuscadas e exigências sintáticas. Eram sentimentos que brotavam em uma letrinha cheia de garranchos. E dessa forma, cobertor esquentava o primeiro amor e a vela brilhava os olhos dela. Acho que nunca mais fui tão romântico. Tão sincero. Tão eu. Preocupado com a fôrma e a forma, deformei meus versos em busca da obra de arte. Enquanto mais esculpia em mármores caros sonetos simétricos e rimas criativas e ricas, perdia a ingenuidade da criança escrita que só queria brincar. E logo, eu a ensinei a se comportar, como deveria aparecer ao público e criamos estratégias incríveis de sedução. Os aplausos eram certos e constantes. A rotina nos obrigava a produzir em linha de produção crônicas, artigos e até memso poesias que tinham um tempero calculado de originalidade e um vazio de sentimento. Ela correspondia a tudo, mas parece que ficou aliviada quando as contas a pagar da gaveta trocaram de lugar com ela, se tornando prioridade e deixando a jovem escrita repousar em uma gaveta do esquecimento.
Cresci como um profissional óbvio. Galguei passos importantes na minha carreira e atingi postos importantes e até invejáveis. Mas as vezes, um vazio me enchia e um grito surdo estremecia meu universo sem som.
Faltava algo. Por isso, te procurei na gaveta .
Você, já uma mulher feita mas com cabelos coloridos e tatuagem na batata da perna escrito carpe diem, me abraçou como se não tivesse tido ontem. Beijou minha boca como uma esposa fiel, me ninou confortavelmente como uma mãe que agora ensina o filho e se colocou ao lado para preencher o meu vazio. O que vem depois? Difícil dizer. Estou no limite do presente da narrativa que te mostro. Mas posso garantir que hoje entendo a necessidade desta senhora escrita que afaga meus cabelos neste momento. A preta velha que tudo me ensinou e que agora vê em meus olhos, aquele olhar apaixonado voltando. Eu sigo em frente buscando o equilibrio. Falam sempre que é necessário escolher, mas se os caminhos que se abrem está entre o caminho certo e o caminho feliz, busque o terceiro. É o que faço agora.
Venham comigo. Prometo no mínimo, um gole de café com borra e uma dose de aventura na estrada da vida.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Postulado poético



Escrever nunca foi um luxo, uma extravagância, um excesso. Para mim, se define como necessidade básica. É preciso se alimentar, respirar, excretar e rascunhar. Trata-se de um ato quase involuntário. E as contra capas de caderno, forros de almofada e 5 blogs estão aí pra provar esta constatação.
Antigamente, eu tinha certeza que fazia rabisco e não arte. Hoje, quando mergulho neste meu passado literário, as vezes me surpreendo com poesias de um menino tão ingênuo e criativo. Se eu pudesse conversar com aquele jovem garoto gordinho de cabelos rebeldes, eu ditaria meu postulado:
Ei, jovem! Levante e desenhe. Rascunhe um pouco mais. O que você faz é arte. E daqui há alguns anos, os extratos bancários vão tentar te dilacerar e te massificar em uma gaveta prateada de escritório. É preciso fazer arte. Viver não basta!
É preciso romper com as certezas conformistas e pessimistas. É preciso se abrir para novos horizontes. Conhecer novas regiões, beijar novas bocas (mesmo que seja da mesma pessoa, afinal sua companheira muda a cada dia) e excluir de vez o termo"eu nunca faria isso". Afinal, hoje me dizem que beijar na chuva causa gripe, que dar um abraço sincero pode ser assédio sexual e que só devemos ouvir aqueles que nos ouvem.
É preciso romper! Sair dos paradigmas que nos solificam em nossas desgraças. Somos maiores que nosso corpo e mais sagazes que nossos smart phones. Somos os nossos sonhos. Não os enclausurem em uma caixinha de coibições e inseguranças. É muito apertado e sombrio. Eu sei. Eu estava lá até agora.
Ei, jovem! Abre os olhos e veja a cada dia o novo amanhecer. Se todo dia, ele se apresenta com nuances diferentes, por que definhar em um mesmo jeito de ser?
Permita-se! E busque a felicidade na doação para o próximo. Doar-se! É incrível Tente. Arrisque. Viva como se não houvesse amanhã. Um lindo intelectual já nos disse "porque se você parar pra pensar, não há".
Ei jovem! Não esqueça seus objetivos de crtescimento, mas não perca o brilho nos olhos. Amadurecer não é endurecer.
Tornar-se responsável não é sinônimo de ser chato.
Ter cautela não significa anular riscos.
Para se encontrar na vida, não precisa se perder no sistema.
É preciso romper!

Eu dedico esse retorno ao blog para toda minha família. Família de sangue, família de amigos e sobretudo a família cinco lados que é um pouco de sangue ecompletamente de amigos.
Sobretudo a Paty Augusto, Deise Daros, Luiza Calafange e por fim, àquela que dedico este postulado, Mare Soares

Imagem de Anita Malfati, a renegada genial!

domingo, 23 de outubro de 2011

driblando obstáculos

Respira fundo, enxuga lágrimas e vem!
A cada queda, vamos conhecendo mais o chão de barro, o asfalto quente. Passa por cima, pelo lado, mas nunca por dentro, porque nossa essência é só nossa.
E na cama do hospital, se planeja a alta. E na saida do hospital, se vê a recuperação.
E a cada passo dolorido, o reaprender a andar, a mover os mebros lentamente.
E que saudade de dançar. Mas já não dançava há décadas. Um bom motivo pra voltar.
Stop. Não foi só um automóvel. Foi um baque de vida.
Vamos voltar a ativa, meu povo. Porque o apito final não soou. Estamos na prorrogação e nada de morte súbita. A partir de agora, vamos falar mais da vida. Como esse blog nasceu e como juntos, não vamos deixá-lo morrer.
Borra está de volta!