sexta-feira, 14 de março de 2008

Dia perfeito? Nunca!

O calendário marcava 14 de março. Um dia realmente estranho. Acordei extremamente feliz mesmo com todos os problemas na minha volta. Sabia que isso era um péssimo agouro: Estão adoçando meu dia para que eu não sinta o amargo quase azedo que me aguardava.
Vesti a roupa, calcei o sapato social, botei a bela camisa social preta. Só a usava em dias especiais. Se algo ia acontecer, seja bom ou ruim, é importante estar bem vestido. Ao sair do quarto, encontrei entre os escombros de livros e roupas meu velho guarda-chuva. Realmente, com a chuva lá fora , ele seria útil. Minha preocupação estava cada vez maior. Tudo dando certo. Assim que cheguei no ponto, o ônibus passou e pude entrar. Claro que fui em pé mas milagre também já seria demais.Cheguei na hora, sem atraso, nenhuma barreira no caminho, alagamento, afogamento, crimes. Nada. Tudo perfeito.
Tinha uma reunião difícil no dia. Era isso. Só podia ser. Tudo de ruim ia proceder durante aquela reunião.
Reunião cancelada. Fui até um café fiquei olhando a chuva. Pedi um suco de laranja e logo depois um chocolate quente. Tudo gostoso e bem feito.
Peguei meu caminho de volta.Novamente, tudo perfeito. O trânsito estava estranhamente vazio para uma sexta-feira. Estava me sentindo pesaroso. Quanto mais sol, mais sinal da tempestade que a sucederia.
Desci do ônibus, atravessei ruas, virei quarteirões e até que, enfim, aconteceu.
Um menininho de uns 8 anos veio correndo com seu guarda-chuva do Homem-Aranha. Chegando próximo a mim, deu um salto realmente espantoso. O menino foi bem alto. Fiquei boquiaberto vendo ele descer lentamente com o guarda-chuva dando uma bela fotografia se eu tivesse como a registrar. Olhava para o alto, sabia que ele ia aterrisar. Até supus corretamente que seria bem do meu lado. Os milésimos que se sucederam foram dramáticos. Chuva. Pingos delicados. Guarda-chuva do Homem Aranha. Menino travesso. Um salto quase se encerrando. Um tênis bem enlameado. Um pequeno espaço entre ele e... entre ele e a.... poça. Esse último pensamento veio com um banho. Mas daqueles grandes. No corpo todo.Na minha melhor camisa social. A preta. Fiquei encharcado. Realmente foi um salto e tanto. A mãe veio atrás disparando palavrões, reclamando da roupa que ia lavar e me pedindo mil desculpas. Demorei um pouco para me pronunciar. Então era isso?O ponto negativo do dia extraordinário era um banho de um menino com um salto quase perfeito? Achei que a chuva tinha apertado. Isso não mudava mais nada. Fechei o guarda-chuva, disse que não tinha problema e sai cantarolando Singing in the rain e só lamentando que, por causa da idade, não poder pular com o menino na poça usando um guarda-chuva do homem-aranha. O dia se tornaria ainda mais perfeito.

3 comentários:

Mare Soares disse...

Pobre camisa.
...




adorei o menino ;]

Paty Augusto disse...

É isso que me chama tanto a atenção no seu jeito lindo de ser: você não deixa se abater e quando deixa se recupera logo. O bom é sempre ser capaz de ver o lado bom e engraçado das coisas... Você conheceu o "futuro" homem aranha que vai sair pelo mundo escalando os prédios das principais capitais mundiais... rsrsrsrs
Beijão, Lindo!!!

Deise Daros disse...

Bom seria se, os crimes, as crises, as reuniões chatas, enfim, os aborrecimentos cotidianos, fossem substituídos por situações como essa.
Afinal, um bom banho de chuva e a capacidade de ver grandes coisas em pequenos gestos (como o pulo) são, sem dúvidas, alguns dos bons prazeres da vida!
Beijos.