Não adianta, seu moço, trazer prato enbelezado pra tentar me agradar.
Cheio de iguaria, com bicho de patinha só esperando pra me dar o bote.
Esses tal de camarão, patati patata com fritas. Molho vinagrete e dietete.
Traz um gostoso angu bem mexido como minha preta velha fazia.
E depois que eu coma até o papo ta cheinho, me deita no colo, me faz cafuné.
E canta pra mim a canção que ela cantava das festas que frequentava.
Ô abre a roda pra poder cantar
Pede benção a Oxalá
E proteção aos guerreiros de são Jorge
Nos mares de Iemanjá.
Angu é prato da terra, daqueles que tem raizes bem fortes.
Que sua, que sangra, que namora na maré baixa.
Cafuné, esse sim, é iguaria dos deuses.
Porque comer angu da preta velha não era pra qualquer um.
E depois dormir com cafuné e pança cheia, e amúsica que continua.
Eu até hoje nunca conheci quem não gostasse de Borra. Sem malícias e delícias, borra é aquele líquido mais grosso do café e do nescau. É onde fica todo o açúcar que apesar de ser proibido pelos médicos, é o melhor da bebida. Borra de vida evidencia os momentos doces e incríveis e nos convida a partir para uma viagem pelo lado tão bom e tão esquecido da vida. A viagem é arriscada e pode nos fazer não querer mais voltar a nosso mundinho cinza. e daí? Vale a pena o risco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário