quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Em busca do beijo







Buscava um beijo. Não para beijar. Só para ver.
Por onde anadava só via gente séria. Gente feia. Gente careta. Ocupados demais com a queda da bolsa de valores; fúteis demais falando das novas tendências da Lui Vitton e Channel; fumantes demais; nerds demais; quadrados demais.

Queria um pouco de alcool; um pouco de sexo. Não para beber e nem para transar. Só pra ver. Um lugar boêmio, erótico, quase vulgar.

Queria escutar os risos escandalosos, as cantadas baratas. Ver os beijos babados, mal dados e claro: os beijos de verdade!

Queria entrar neste ambiente. E ficar invisível. Pra não dar chance de ser abordado. Ou de atrapalhar e de intimidar. Queria ser todo olhos e todo ouvidos. Para observar todas as direções; para pescar cada detalhe. E não perder nenhum beijo de canto de boca, nenhum selinho, nenhum olhar e nenhuma mão boba embaixo da mesa.

E assim se completaria. Sem fazer nada, sem participar. Ficaria longe das bolsas. Seja a dos pregões ou dos grandes artesões. Ficaria longe dos papos cinzas e sem importância. Ficaria feliz. Ficaria completo.

2 comentários:

Luiza Callafange disse...

Ahh mas então não apenas queira, faça mais que isso! :) Eu adoro observar o mundo, suas cores, flores, dores...Tudo! Mas não quero fazê-lo, pois já é natural de mim.
E é tão bom!

Paty Augusto disse...

Observar o mundo a nossa volta... essa vulgaridade e esse erotismo que dá corda no relógio do mundo...
É... é divertido!
Beijos, menino!