sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Um café com borra, por favor

Eu já reparei que sempre quando não tenho o que escrever venho a esta cafeteria parisiense. Eu sei que parece um bordel mas é culpa de vocês que enfeitam com pensamentos pecaminosos. Era pra ser um local pacato e tocar jazz. Não posos fazer nada se pintaram as paredes de vinho, colocaram almofadas no chão e toca esse delicioso bolero.
Desisto de esperor a garçonete.O único funcionário que continua empregado é o Seu Montanha. 200kgs de peso, toquinha branca na careca, um chort tão caido que se torna devasso e um avental sujo de molho vermelho que espero ser catchup.
Vou até o balcão e sirvo um café frio que tomo em um só gole.
E o preço da globalização e das crises que atingiram, enfim, meus poemas e crônicas.
Um cafe parisiense que já foi frequentado por dezenas de intelectuais, poetas e vendedores de sonhos. Que levantávamos na mesa para derramar versos com energia vital. Berrávamos ao vento, nos completavamos, nos enchíamos de amores letrados.
Mas abandonei o cafe parisiense para me trancar em escritórios. Muitos poetas ainda estão sentados nas cadeirinhas sujas aguardando a volta da poesia, da garçonete e talvez até de uma pirueta do Seu Montanha. E passei a vir para reviver os momentos e não escrever outros capítulos. Usar esta cafeteria para tentar olhar o espeçho engordurado graças a tentativa frustrada do seu Montanha de fazer hamburgueres, e lembrar quem sou.
Engulo café frio e saio novamente do cafe parisiense com vontade de mudar a situação e bombar novamente esse café. Para isso, algumas providências devem ser tomadas. E a primeira é comprar um cinto pro Seu Montanha. está vergonhoso.

Um comentário:

Manoela disse...

Luiz, o importante disso tudo, é,que alheio a tudo, às mudanças, aos dissabores, às trransformações, o café permaneceu.
E em seu espaço ainda há muita poesia, amor e prosa a plantar.
No final, colheremos bons frutos, tenha certeza disso.
Abraços,