A gente cresce

A gente cresce quando as roupas não cabem mais.
Quando o pote de biscoitos em cima da geladeira não está tão alto.
A gente percebe que cresceu quando param de imitar vozes de bebê pra gente. E também param de apertar nossas bochechas.
Dá pra saber quando crescemos, pelo fato das pessoas pararem de sorrir ao simples fato de olharem pra você.
Quanto mais a gente cresce, mais esforço temos que desempenhar pra que elas riam da gente.
A gente cresce quando passam a nos mandar quase que diariamente que temos que crescer.
Quando somos obrigados a desligar os desenhos animados porque aquilo é coisa de criança. Sendo que aí passamos a vê-los escondidos. A gente cresce quando aumentam as responsabilidades e diminui os incentivos.
A gente cresce quando para de ganhar prêmios pelos nossos bons empenhos, nem estrelinhas e sorrisos orgulhosos.
Na verdade, a gente cresce quando não dá tanta importância a esses tapinhas nas costas e continua se auto-motivando.
Crescemos quando nossas escolhas envolvem mais fatores, mais pessoas e mais ponderações.
Crescemos quando entendemos porque é tão fácil conseguir empréstimos hoje em dia.
Crescemos quando exigem cada vez menos nossa criatividade e cada vez mais nossa iniciativa. Mas continuo acreditando as melhores iniciativas são as mais criativas.
A gente cresce quando entende apalavra saudade e quando choramos menos.
Pelo menos, crescer é chorar cada vez menos publicamente e cada vez mais em sessões especializadas como terapias.
A gente cresce quando olha pra trás e faz uma análise sobre a vida que tivemos até agora.
O problema é que a maioria das pessoas, ao perceberem que cresceram, lamentam as horas perdidas.
Por isso, cresçam, mas não adoeçam. Principalmente, mentalmente.