22 de dezembro de 2012. O mundo não acabou. O sol já anuncia
seus raios tímidos de forma mais que natural. As pessoas espreguiçam e demoram
para abrir os olhos. Ainda ansiosas que algo ocorreu. Mas não. Tudo igual. Os
mesmos problemas, sensação térmica. Condição normal de temperatura e pressão. O
cachorro latindo, o vendedor de pães gritando as promoções de seus quitutes. O
mesmo hálito, as contas em cima da mesa, as trágicas notícias do jornal
matinal.
Na rua, as mesmas pessoas apressadas, o mesmo ônibus cheio,
o chefe berrando vermelho como sempre. No almoço, a salada com alface e tomate
e a quantidade rotineira de molho agridoce e o suco do dia. No escritório, o
olhar zumbi, a apatia frequente, a melancolia habitual... Nem na volta da casa,
há alteração do percurso. Chega no mesmo horário, se joga na poltrona empoeirada,
só levantando para comer, banheiro e dormir.
O mundo não acabou. Nas expectativas, na esperança do abalo,
na chance de revolução tudo se finda. O ponto final amargo, pois, vem com
reticências. O continuísmo da mediocridade, da covardia e da desistência. Sem
coragem para apitar o fim da partida de um alto de um prédio ou de uma ponte. Ou,
então, de tomar as rédeas da vida e revolucionar com gols bonitos e cheios de
graça.
Os Mayas não ganharam o jogo, porque a posse da bola é sua,
companheiro.