sábado, 29 de dezembro de 2007

2008: Quebre a perna!

Para falar do ano Novo, quero começar com um texto lindo da Patrícia que me autorizou a postagem.

ESTRÉIA
"E as luzes se acendem
E minha vida começa
Numa peça essencial
Tão necessária como o ar que respiro.
A mentira que se torna verdade
Diante dos olhos curiosos da platéia,
Apenas um segundo
Para que o mundo faça sentido.
E quando a cortina se fecha,
Uma nova caminhada.
Revitalizada sigo meus dias
Aguardando a próxima vez
Em que eu serei o palco
E o palco será minha vida!"

Para ajudar nas reflexões, um vídeo maravilhoso que tive conhecimento e me emociona até hoje.


Minha opinião já está expressa. Não com minhas palavras, mas da forma mais sincera. O que posso dizer mais? A vida é um grande palco. Atuar e contracenar com diversos personagens que vivem suas atuações também. As vezes pessoas aparecem do nada e ficam, se estabelecem e se eternizam. Outras por sua vez, desaparecem em uma cena melodramática e fecham suas cortinas para nós. Na vida é preciso dar passinhos atrás. O medo, é mais que normal, é necessário. Mas devemos ter consciência que um passo pra trás é planejamento e estratégia. Dez passos pra trás é covardia e fuga dos seus sonhos.

O que vocês querem pra 2008? Peçam! Mas façam acontecer! A vida pode ser maravilhosa mas você tem que correr atrás do sorriso. E é o que estou fazendo! E sinceramente, é a única coisa que desejo a todos: Corram atrás dos seus sonhos! Só isso nos faz ser nós mesmos!

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Personagens!!!!


Sou uma grande mistureba de personagens. Tenho um quê de Charlie Brown com todas as suas questões e em busca da garotinha ruiva... Tenho a mente criativa do Bobby com seu mundo fantástico e Calvin com o Seu Hobbe-haroldo! As mesmas questões universais de Doug Funny... Ahhh, Patty Maionese! Controverso, sou medroso como o Salsicha e às vezes me encorajo como Scooby-loo. Sou feito de camadas da cebola como Shrek. Meio Bart, Meio Homer Simpson as vezes me torno um sem noção. Sou tão família como Fred flinstone. Precisando as vezes de uns joguinhos de boliche... Me enfureço como Hulck com a ironia do Homem aranha. Sempre achei que se me tornasse um super herói ia estar mais para um Freakazoid ou um Máscara... Rio como o Muttle da Esquadrilha Abutre...Sou tão sonhador como Zequinha do castelo Ratimbum! E grito como o Tio Vitor do mesmo programa ( Raios e trovões, que saudade!) Acho que no fundo, sou feliz! Na mistureba de jeitos e caricaturas eu encontro um personagem único. Que se move, que procura, que investe só como eu...
No meio de tanta diversidade, eu busco algo que só eu sou!

Esse texto abaixo eu peguei emprestado do meu outro blog esquecido...O texto também é meu então acho que não é roubo, é? Só estou o revitalizando...

No blog, quando posto, me transfiro a personagem. Todos os sonhos, desejos e vontades são reduzido ao que eu lembro. Tem gente que só escreve de amor, outros só de raiva e indignação e outros fazem um diário burro. Ignorando algumas coisas, como comer e ir ao banheiro. Não só de um sentimento, vive o ser humano. Mas um personagem, vive sim e vive bem respirando apenas aquele momento. Personagem é mera ficção. Um lado obscuro da pessoa. Ou até seu oposto, na maioria das vezes. Até mesmo os personagens-autobiográficos, não são tão espelhos assim. Maurício de Souza não é Horácio; Lispector não é nordestina e Machado não é Bentinho, nem mesmo Brás Cubas, Eu tenho a teoria que se um dia meu eu-personagem crescer demais, eu espero ele dormir e esmago-o com o pé. Por que o perigo é esse. Lulu santos já alertou: ¿Não leve o personagem para cama, pode acabar sendo fatal¿. Eu acrescento dizendo para sempre incentivar seu personagem a fazer unicamente o previsível. Se um dia ele cagar, pode gerar problemas gravíssimos. É sério!

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Natal sem sorriso?


Um dia, ao acordar ele percebeu que não conseguia mais sorrir. Chegou a tentar e apesar de achar engraçado mantinha a mesma feição dura. Não que isso incomodava muito. Já havia anos que não sorria bobamente. Pensando melhor, era até bom. Tinha que manter a seriedade constante. Crescia na empresa. Não era mais o universitário boêmio que contava anedotas no bar. Achou que isso o tornava de vez um ser maduro e isso o satisfez.

Anos depois, acordou e assim como no dia que perdera o sorriso, percebeu que alguma coisa não mais o acompanhava. Perdeu a habilidade de amar. Com ela, todos seus anexos como sentir remorso, carinho e afeto desaparecem de seu peito aliviando assim aquele jovem gerente de uma multinacional. Era fato que só podia ser um bom aviso. Assumia agora um cargo de liderança respeitável. Por ainda ter cabelos pretos e rosto jovial tinha que provar sua mão de ferro. Sentia necessidade de ser grosso pra alcançar metas e não podia deixar de exercitar berros a pelo menos 5 funcionários diariamente. Não precisando mais se preocupar com aspectos menores como o amor, pode se concentrar com mais competência na tarefa de ser mal sem precisar fingir. E isso o satisfazia.

Passaram anos. Veio o casamento: por conveniência. Filhos: O primeiro pra fazer companhia à solitária da mãe e a outra, um erro na tabelinha. Depois veio a morte do pai e ele não pode ir ao enterro. A secretária, chocada, mandou flores brancas para a viúva com o dinheiro da empresa. Foi demitida um mês depois para não levantar suspeitas. Depois o divórcio. Mas realmente a mulher não tinha mais tantas serventias. Idosa e caída, só aumentava os custos dos remédios.
Anos depois, ceia de natal. Ele jantando com os filhos; a mãe e o novo namorado e a empregada que suplicara por um teto na noite de natal. Foi bom ela ter ficado: alguém precisava limpar a bagunça depois. Alguns minutos antes, ele falara com a mais nova amante: a esposa do dono da empresa concorrente. Muitas informações sigilosas roubadas e declínio do corno o satisfaziam. Meia noite e tudo corre como devia ser: Ele se ergue e até sorriria se fosse capaz. – Bom natal para vocês!! Puro clichê e tradicionalismo. A família acredita que ele realmente está falando de coração. Mas não. É um ator. Interpreta tão bem que parece real. Faz votos de boas festas com um ar sereno e solidário. Consegue falar no mesmo tom que eu emprego. No mesmo tom que você emprega. Mas é da boca pra fora.
Ele acha engraçado como nos engana. Ele até gargalharia se pudesse.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Carta ao bom velhinho!

Rio de Janeiro, atrás da fileira de crônicas do Veríssimo, 20 de dezembro de 2008


Caro Papai Noel,
Meu nome é Luiz Marinho. Tenho uma idade meio superior a das crianças que você está acostumado a receber cartinhas, mas se olhar nos antigos cadastros verá que eu era um bom menino!
Eu venho escrever pro Senhor porque estou desesperado. Tenho uma lista de presentes que não acho mais em lugar nenhum.
Como o Senhor, é meio contrabandista de conseguir tantos brinquedos diversos sem pagar imposto- achei que podia me socorrer. Segue abaixo minha lista com uma pequena descrição dos produtos.

Lista do Papai Noel

- Solidariedade- Sei lá, Velhinho! Mas não acho em lugar nenhum. Acho em muita fachada. Todo mundo diz que tem pra vender mas, só que sempre que vou comprar, já acabou... Falta de sorte, né?

- Humildade- Ninguém leva porrada, ô Noel! Todo mundo acha que é o melhor e realmente acreditam que isso vai dar vantagem em alguma coisa. Só se for no prêmio mesquinharia.

- Sonhos- Velhote, esse aí só tem em padaria. Mas são muito pequenos e acabam em 3 mordidas. Procuro aqueles que levam anos pra conquistarmos. Aquele que faz a gente suar, que faz a gente acreditar! Ps: Esse aí, você podia mandar um spam pro mundo inteiro... O pessoal está muito no seu mundinho.

- Abraço- Já reinvidiquei no meu blog. Mas não surtiu tanto efeito assim. Vê aí, ô Vermelhão, se consegue liberar mais abraços entre as pessoas. Esse artefato pode ser incrível, se sincero.

- Sapatos- ô barba! Pedi ano passado e volto a pedir porque me foram muito Úteis. Sapatos pra serem usados e perderem sola. Quero caminhar atrás dos meus objetivos. E sei que é muito chão. O piso é muito hostil mas se tivermos sapatos e força de vontade, vamos longe! Esse ano, me dá mais pares, porque vou correr muito atrás dos meus sonhos, pode acreditar!

-Saúde- Ao procurar no google, só vejo plano de saúde, mas não é de médico que preciso. Quero é não precisar deles, com todo respeito, a eles. Mas acredito que médico e jornalista seriam mais felizes se o mundo não tivesse doença pra tratar, nem violência pra cobrir. Mesmo que isso acarretasse em desemprego!

Pra esse ano está bom. Se me atender, juro que em 2008 escrevo novamente.
Sugestão: Abre uma caixinha de lista do papai Noel pra adultos. Com certeza vai lotar!
com carinho,
Luiz Marinho
Jornalista formado
ps: Se tiver precisando de assessoria de imprensa, me avisa.
Resolvi não pedi emprego durante a cartinha mas no (PS) pode.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Jingle bells

Vestindo- se de papai noel

Neve em Nova York. Os pinheiros ficam ainda mais lindos coloridos com os focos de neve de Manhatan. No Rio, natal de 40º. Pinheiros e neve. Tudo artificial. No camelô é mais barato.
Nova York tem a cara do natal mesmo que o verdadeiro papai Noel tenha nascido a milhas de distância. Até se respeita o bom velhinho de vermelho. Tocando um sino dizendo que é véspera. É véspera. No Brasil, tenho pena do papai-noel. A roupa é um fardo. O suor é inevitável. O bom velhinho está mais cansado. Sempre. Seu Ho Ho Ho é mais rouco.
Ouvir Jingle Bells é se sentir flutuando no Central Park, cantarolando com um gostoso casaco de lã e saltitando feliz para parque. Ver os concertos , patinar no rockfeler... Deslumbrar o fantasma da Ópera. Nova York é o natal.A Cidade-natal.
E aí me perguntam se eu já fiz as malas para New York City... E eu me desculpo assim:
Não tem lugar melhor que aqui pra passar o meu natal.
Tenho amigos que valem mais que uma patinação no Rockfeller. Meus artistas superam os de lá. A árvore da lagoa é a mais linda do mundo. Não há versão do Noite feliz mais bonita do que a brasileira.. Como é bom cantarolar no natal...

domingo, 16 de dezembro de 2007

Um velho menino ou um louco?


Sentiu arrepio na coluna e riu de nervoso. Não se lembrava a quanto tempo não ficava assim. Achou engraçado que suas mão estavam geladas. Suava frio. Tentava transparecer calma mas estava apavorado.Seus amigos não sabiam o que estavam acontecendo. Resolveu esconder de todos. O segredo parecia tão deliciosamente perigoso. Não se lembrava a quanto tempo vivia tão moleque. Parecia uma criança correndo atrás de um cobiçado brinquedo... Não tinha recordações de seus olhos brilhando tanto desde a vez que soltou pipa com pai aos nove anos de idade. E estava tão solto. Mesmo com o terno conseguia correr e jogas os pés bem pra trás. A gravata batia no rosto e a pasta teve que ser arremessada para deixar o corpo mais aerodinâmico

Não lembrava da última vez que ficara tanto tempo gargalhando sem nenhuma razão específica e sem nenhuma droga implicada. O excesso de riso causava dor no fígado e lágrimas... Que alegria!!! Como era boa aquela sensação. Percebeu que estava andando como se estivesse nas nuvens. Só esteve assim quando teve a primeira namorada. A doce Ângela. Nunca mais. A inflação não deixava. Tantas taxas bancárias, o desemprego, correrias, deveres e obrigações.
O que estava acontecendo com ele? Tornara-se um irresponsável? Depois de anos de seriedade. Não entendia o que estava havendo... Olhou as contas a pagar e a primeira vontade que teve foi fazer origami com cada uma delas. Conteve-se. Não era certo. Ia pagar primeiro e depois podia brincar. Nossa! Brincar! A quanto tempo, ele não brincava? Pegara no fundo do armário, os velhos carrinhos que tanto o entreteve na infância.
A família não reagiu bem... O afilhado de 3 anos, por outro lado, adorou. Brincaram por horas.
A namorada, os amigos, os pais, todos muito preocupados. Cada um tirava lenços de seus ternos e bolsas... Diziam, sérios e cinzas, que tinha que o internar. Um velho homem que passara ali interrompeu a discussão familiar. – “Deixe-o ora bolas! Ele apenas redescobriu os caminhos para felicidade...” A família o encarou com deboche. Mas ele ignorou. – “Ele está indo no caminho certo. O Homem que suspira como criança, cresce como um sábio....” Depois dessa frase, saiu sem por fim dar uma deliciosa gargalhada e desaparecer como em um passe de mágica. Enquanto isso, o enfermo da família corria de um lado para outro fazendo peixinho. A cada aterrisagem, uma sessão de risos. E a família só lamentando.

BlogAID. ajude você também!

fala galerinha. O natal está chegando e essa época é mais do que comer panetone e se endividar no cartão de crédito. O blog Borra de Vida veste a camisa da Blogaid!
O Centro Comunitário e Creche Sinhazinha Meirelles é conveniada ao Ação Criança, foi fundado em 1952 e é hoje uma organização não fundamental que atende a mais de 320 crianças no bairro do Rio Pequeno (Perto da USP). A creche realiza atividades sociais e educativas que estimulam a formação de suas personalidade e identidades. Paralelamente o Centro Comunitário realiza projetos com jovens e seus pais, visando à orientação e integração familiar.A princípio vão doar alimentos não perecíveis, brinquedos e itens para o local para fazer o final do ano dessas crianças mais feliz. Saiba como você pode ajudar clicando no banner da iniciativa!
Não deixem de conhecer e quem puder, ajudem!!!
Por um mundo menos cinza, estamos juntos!

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Vida sem rumo?

Li no blog da Mare, uma sonhadora como eu- Um texto, um protesto, um desabafo. Tão puro e sincero que não podia deixar de continuar no meu blog. Ela reclamava dos adultos que reprimem os mais novos nos seus sonhos. Adestra seres pensantes. Realmente isso ocorre. Mas e aí? O que fazer?

Fernando Dolabela é um escritor muito famoso na área que atua. Ele escreve sobre inovação, empreendedorismo mas eu o classificaria como “um cara legal que nos prova que vale a pena ser criativos e correr atrás dos sonhos”. Sempre sugiro o seu clássico livro: O segredo de Luísa. Uma ótima pedida pro natal.
Mas em uma palestra ele narrou um fato interessante: ele disse que ao ir na reunião de pais na escola da pequena filha dele, ele foi elogiado porque a menina era uma ótima aluna. Ele perguntou: - como assim, ótima aluna? A professora respondeu- Ela nas provinhas só tira 10 e na hora de colorir, pinta tudo nas suas devidas cores. Dolabela conta que ficou muito triste e a professora quis saber o porquê. Ele respondeu: “porque quando crescer, ela vai precisar pintar as cores erradas e precisa contestar avaliações tirando assim algumas notas baixas... Ela vai me dar trabalho.”

Continuando historinhas, há uma também bem interessante: Dizem que é piada mas eu a acho tão real...
Dizem que 100 atrás, congelaram um professor, um médico e um engenheiro. Deixaram eles assim por uma centena de ano até que descongelaram e viram como eles reagiriam voltando a sua área de trabalho. O primeiro foi o engenheiro. Ao voltar ao mercado, ele não reconheceu nada. Não sabia usar as calculadores científicas, não entendia como os prédios estavam arquitetonicamente feios e as pessoas gostavam e etc... Depois descongelaram o médico. Levaram ele ao hospital e ele quase teve um enfarto. Eram tantos aparelhos, outras especialidades, doenças novas....
Por fim, descongelaram o professor e o colocaram na sala de aula. Ele olhou para os alunos e voltou a dar a sua velha aula no seu velho esquema.

Não pretendo responder nada nesse post. Só acho que se algo está errado, por que não correr atrás de mudanças? Nós podemos. Nós somos o futuro. Esse país, as suas leis, suas revoluções , sucessos e declínios estão por nossa conta. O país agora é da nossa geração.
O que nós vamos fazer com ele?

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Quem é você pra falar de amor?

Em um mundo que pra casar exige MBA de Gestão matrimonial e experiência de 8 anos em relações conjugais- Sem traição- me pergunto sinceramente o que estou fazendo aqui? Hoje em dia precisamos ter diploma até mesmo pra ficar calado. “O silêncio só é respeitado daqueles que não precisam mais opinar.” Pra mim, isso quer dizer que ele perdeu serventia e não que ficou mais culto. Mas eu não sei se tenho algo a acrescentar nesse mundo, então. Não sou o mais entendedor das relações amorosas e sou um defensor de cada caso é um caso. Quem sou eu pra querer falar de amor? Eu, um insensível solteirão, querendo dar palpite na vida amorosa alheia. Só pode ser piada. Talvez, eu acredite tanto nas pessoas e na possibilidade das coisas darem certas que esqueço de me apresentar de verdade. Quando dou uma sugestão, levanto os olhos, torço pra que algo aconteça; estou falando como um leigo. Sem pesquisa de mercado, indicadores financeiros e análise do histórico. Estou falando como poeta, amigo, escritor em busca da sensibilidade. Um cara que se move pela inspiração. Que corre atrás dos sonhos. Que apesar da barriga pula bananeira e é capaz de conseguir dar uma voadora pra ajudar os amigos. Um leigo. Um insensível. Um cara que não tem MBA de gestão matrimonial e muito menos experiência de 8 anos em relações conjugais- sem traição. Sou um eterno aprendiz. Um estagiário, por assim dizer. E não me arrependo disso.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

não me entrego sem lutar


“não me entrego sem lutar” renato Russo

Não pensem que vão levar minha alma assim. Vou brigar por ela. Por cada ectoplasma que me pertence.
Não vai ser fácil me fazer essa lavagem cerebral, sugar meus sentimentos... vou espernear , chorar, bater pé, fazer beicinho. Tudo que puder eu vou fazer.
Não será fácil me tirar do ringue. Vou apelar pra golpes pesados, não me preocupar com a ética. Me vencer você não vai. Não quero saber de regras. Pra mim, a sobrevivência fala mais alto. Vou agir pela mais incrível legitima defesa... manter-me vivo. O coração vai acelerar em abundância o corpo vai trabalhar como nunca; Ele vai saber que é o confronto final... E que não podemos perder. E que estamos disputando para continuar dando suspiros, sorrisos e vendo novos horizontes.
Não pense que vai me encontrar abatido.
Estarei pronto para a mais ensandecida disputa.
Com todas as armas que possuo: garra, três figurinhas e vontade de ser pai.
Você não vai me levar agora. Não vai! Prepare-se para fúria de um Homem que quer estar vivo. Vou bradar e liberar a voz do fundo de minhas entranhas!
E tratee de vir logo. Pois a ameaça do fim me deixou bastante excitado e disposto.Como há muito, eu não ficava. Ei, psiu! Cadê você?

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

palavras deliciosas de serem ditas

Existem palavras deliciosas de serem ditas. Cínicas, mentirosas e até mesmo controversas. Mas deliciosas. NUNCA. Há... Quanta mentira, quando a gente fala que nunca vai fazer. Ou nunca mais. Essa última, então, devia vir sempre precedendo um beijo. Eu nunca vou te esquecer... Promessas podem ser dívidas mas não há dúvida que não vão se realizar.
Outra deliciosa: AMO. Sempre achei que essa palavra devia vir com contrato escrito e com firma reconhecida. E se for amor de casal mesmo, com carimbo de Santo Antônio. Dizer AMO é muito bom, mas ouvir é melhor ainda. E se nós acreditamos que vem com sinceridade, pronto. É um paraíso. Outra é o pronome possessivo MEU. Afirmar que algo ou alguém é meu, é mostrar ao mundo que conquistamos um espaço seja lá aonde for. É extremamente perigosa podendo se tornar presságio de egoísmo, presunção e olhos pro próprio umbigo. Mas convenhamos: Usar de vez em quando é ótimo.
FILHO. Não sei se é só comigo, mas ô palavrinha que me marca. Sempre penso no meu filho ( Olha a união de duas palavras deliciosas). No que eu vou ter. Ou filha. Aqui o gênero não importa. O delicioso é pensar em ensinar tudo que aprendemos...
A palavra SEMPRE me faz viajar a uma estrada cumprida que converge no horizonte. O SEMPRE está lá até o final dessa estrada. Ou deveria estar! Quando quero bebericar a sintaxe, não posso esquecer do ainda. Palavrinha mágica. Diz que você está andando passo a passo. Pare de querer me apressar... todas essas palavras são misteriosas, românticas, poços de surpresas.... Mas talvez, todas estejam apenas cercando as duas palavras mais divinas que eu conheço... a primeira é TEMPO. Esse aí que vai ditar se na vida podemos ter algo com pronome possessivo ou NUNCA. Ele que obriga a gente esquecer um amor ou intensificá-lo. Se vamos ver nossos FILHOS ou deixar eles para que a vida os crie. Porque logo atrás do TEMPO, existe o ADEUS que bota ponto final em sentenças que muitas vezes, queriam apenas reticências.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

sorvetes da vida

A vida é como uma loja de sorvetes self-service. a gente tem escolha, sempre temos. Mil sabores para experimentar, arriscar.
Vale agora, saber se estamos dispostos a nos entregar nos sabores variados da vida...



Existem quem só come chocolate. No máximo, um napolitano pra misturar tudo. Quando perguntarmos sobre o sorvete de pistache, apenas torce o nariz e diz: Deve ser horrível... Realmente gosto não se discute. Mas e quando não sabemos se gostamos ou não? Por que não nos surpreender com um delicioso sorvete de ameixa? Ou menta com pastilhas de chocolate?

Estamos tão bitolados nas nossas vidinhas.

No pequeno cercado que construímos.... Atreva-se! Saboreie outros paladares, antes de definir seu gosto preferencial. O que temos a perder? se não gostarmos, temos mais histórias pra contar... Se gostarmos, temos mais escolhas pela frente!

domingo, 2 de dezembro de 2007

A vida é mais do que preencher formulários


Chamo muitas vezes de mundo cinza esse mundo sem graça em que vivemos.Talvez agora passe a chamá-lo de caixinha de madeira lisa ou algo assim. Surtado? Claro! Sem dúvida! Mas com uma certeza: eu acredito em mágica!
Ok, esse início pode estar um pouco ensandecido mas é um convite que faço a todos para assistir A Loja Mágica de Brinquedos do diretor e roteirista Zach Helm.
Os ingredientes são: um dono de uma loja de brinquedo com 243 anos no seu último par de sapatos; sua dedicada gerente que passa por crises existências e o contador da loja (um mutante). Uma lição que me pegou desprevenido foi a de acreditar mais nas “mágicas que estão a nosso redor”. Não vá ao cinema esperando uma historinha infantil. Lágrimas, suspiros e saudosismo podem te acompanhar pela narrativa.
Quando as luzes do cinema acendem, dá uma leve sensação que está faltando mais uma hora de filme. Não se engane! Prepare-se para completar o filme na sua mente com suas interpretações. Afinal, uma loja de brinquedo precisa de crianças pra se definir como legítima. Solte a sua!

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

2 histórias e uma citação

Alguém já te disse que você fica mais bonita ainda rindo? Adoro essa sua gargalhada histérica. Realmente é linda. Não sei o que os vizinhos acham.. Principalmente às 4 da manhã, né? Não é uma política da boa vizinhança muito correta. Mas agora, sério. Pára um pouquinho. Precisamos conversar. Sim, de preferência sem tantos risos. Tá, eu espero você se recompor. Acabou? Ok, eu aguardo. Quando tiver pronta, me avisa. Isso, que bom. Então, pedi pra você ficar séria porque o assunto que venho a tratar é delicado. Ei, pára de chorar por favor! Eu só continuo quando você parar, eu aguardo. Nossa, seus olhos ficam lindos quando está chorando...


Ser ou não ser um pacote. Não é fácil, sabe? Sou um pacote incompreendido. Faço as pessoas rirem, gozarem e se apaixonarem. Mas queria fazer apenas as duas primeiras. Pensando bem, dependendo da pessoa, queria só as fazer rir. É claro quem nem todas riem, nem todas gozam e obviamente menos ainda se apaixonam. Mas para evitar problemas, acho que tinha que ter mais informações nutricionais no meu pacote. O uso dessa substância é prejudicial a saúde. Uma vez , uma menina me disse que eu era apaixonável, fui dizer isso para uma outra e quase apanhei. Não é fácil ser um pacote nos dias de hoje. Temos conteúdo que algumas vezes pediriam um pacote mais transparente em outras situações, bem opaco! Uma pessoa me disse uma vez que achava que todos deviam ter um mini curriculum de relacionamento preso em uma etiqueta no corpo. Achei fantástico. Poderíamos descobrir muita coisa. Imagina pra menina descobrir que o jovem de 25 anos que ela está tendo um lance, nunca namorou.... Ela poderia o deixar na primeira noite. Pensando bem, esquece as etiquetas. O meu pacote já me entrega demais!


"I don't use drugs, my dreams are frightening enough." ~M.C.Escher

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

gutemberguiano, cazuza e machadiano

O que vocês esperavam de mim? Sou Gutemberguiano, Cazuza e Machadiano..As pessoas vivem me perguntando a que tribo pertenço. Se sou esquerdista ou tucano; qual meu time, posição sexual predileta; se sou a favor do uso de células tronco embrionária....
Há gente, dá um tempo! Está na cara que sou Gutemberguiano, Cazuza e Machadiano! Mas ainda há quem não se convence e continua tentando me enquadrar em outros grupos. A favor da pena de morte? Defende a extinção do homosexualismo? Qual a sua opinião sobre o tratamento de cáries utilizado no norte da suécia?
Não me sinto a vontade para debater tantos assuntos. Eu não sou o Google. Claro que tenho minha opinião sobre todos os assuntos mas elas estão calcadas na filosofia básica de um Gutemberguiano, Cazuza e Machadiano.
Se as pessoas vem me procurar para que eu resolva um problema, ajo sem pestanejar. Dou o cartão de uma psicóloga amiga minha... Batata! Mas se a intenção da pessoa é que eu a confunda, eu utilizo meu conhecimento e sugiro livros. Claro, livros. De papel, mesmo! Nem que seja a bíblia. Algo tem que ajudar... recomendo sempre livros de Drumond e Veríssimo... Os dois eu sei que são machadianos e então já podem ser citados. Um dia desses, ainda vou fazer um dicionário de o que ler quando se está sentindo algo... Se alguém quiser roubar a idéia, faça logo. Mas o livro tem que ser impresso, irônico, crítico e debochado. Sabem, como é, né?
Sou Gutemberguiano, Cazuza e Machadiano

domingo, 25 de novembro de 2007

O beijo promíscuo?


Podem dizer o que quiser. Mas eu não consigo pensar em um beijo promíscuo. Pode ser o mais babado, o mais suculento, ou demorado. Não consigo.
O beijo pra mim é um momento único de encontro das almas.
No abraço, as almas ficam bem próximas, mas é no beijo que elas se tocam. O beijinho no rosto é a maneira mais simples e perfeita de dizer “muito obrigado e a propósito: sua bochecha é linda, combina com o resto do corpo.”
O beijo no ar ou o disparo de beijos metralhadores mostra afeto. Mostra que você se importa com a pessoa.
Até mesmo o beijo triplo não considero promiscuidade. É uma mensagem gravada em você que no momento seu coração e seu pensamento não estão com a mesma pessoa.
Podem argumentar que o beijo bem dado pode levar ao sexo. Ou então que um beijo roubado é crime e deveria dar pena de 5 anos com trabalhos comunitários. Não sei. O romântico vê o beijo como uma forma de carinho. Outros podem ver como a porta para aventuras sórdidas. Mas pra mim, o beijo tem que ser mais respeitado e entendido.
O beijo, ao meu ver, só significa que a partir daquele momento, as nossas almas não mais vão se esquecer. O cérebro talvez esqueça. A alma não mais. Ficou gravada, selada, eternizada.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Menina IPOD

Essa é uma história verídica. Que aconteceu com um avatar da rede de um avatar da minha rede. É mais ou menos assim que o download me foi transmitido:



Com seu jeitinho, me conquistou.
Tão branca e botões siliconados.
Menina Ipod, um verdadeiro show.
Com bela interface e visor cristalizado

Não posso evitar: querer você é bom demais.
Menina Ipod, não me trate desse jeito
Eu não sou Wi fi mas tenho uma USB a mais.
Já fui ponta de linha, exijo mais respeito.

Com esses Black berries, fica se engraçando.
Menina de revista que entrou para história.
Só quer saber de Iphone e todos te ligando.
Mas eu tenho conteúdo, smiles e memória!

Você nem mais olha pra mim.
Tachou-me de ultrapassado,
Mas para este não ser meu fim,
Fui a loja pra ser renovado.

Tornei-me bom como um de última geração.
Mudei a carapuça e meti uma fibra ótica.
O modelo pioneiro dos que agora virão.
Inteligentes, bonitos e sem lógica.

Mudança nas prateleiras e eu subi de posto.
Você, obsoleta, foi então tirada de linha.
Por não mais te ver, aumentei o desgosto.
E uma gota de lágrima, vem grudada na caixinha.


quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Beijo forçado

Vai, me dá um beijo?. Para de ser difícil. O mundo aí se desfazendo e você me negando um reles beijo? Era só o que me faltava! De repente eu morro de bala perdida amanhã e fim da história. Vou pro lado de lá duro, sem prestígio e sem seu beijo...
Não , não estou sendo melodramático. Eu, ein? Você que está sendo egoísta e pensando só em você. Onde já se viu? Talvez, esteja no meu leito de morte e você me tratando com essa distância ímpar. Ok, vai lá. Mas você vai ficar com remorso.
E se não bastasse a política do país. A economia está um caos. O desemprego assola, as crises na América já batem na porta de nosso país , mas você não está nem aí. Ignora tudo e me negas um beijo. Um beijo apenas! Tantas guerras, carnificina, pobreza, doenças, leite com soda cáustica....
E até isso, eu ficarei sem. É melhor eu ir morar embaixo da ponte, vou ser mendigo, vou viver da desgraça humana. Esperar meu derradeiro suspiro nesse mundo frio e cruel. Me larga, me deixa ir. Não é isso que você quer ? Que eu seja um perdedor, um fracassado? Em um mundo que as chances de ter sucesso são ínfimas, um beijo não pode ser negado. Mas você me negou. Você não partiu só o meu coração, você destruiu de vez minha visão da humanidade. Espero que esteja satisfeita.
Não, nada de ter voltado atrás. Agora quem não quer sou eu. Estou farto dessa sociedade fútil e sem amor. Eu tenho nojo da humanidade. Não preciso de mais nada e nem mais ninguém. O que você está fazendo? Me solta, já disse que não quero mais. Para, me sol...
E vai saber se é porque ela já queria e estava apenas fazendo charme ou ficou com medo das suas loucuras paracom a sociedade, o beijo o deixou bem mais calmo.

domingo, 18 de novembro de 2007

Meus fãs, po que somem?






Sim, me chamaram de carente, emo, fútil mas é verdade. Eu já tive mais fãs no orkut...
Já fui mais popular, mais amado e até mesmo compreendido. Hoje, o que sou? Um qualquer com menos fãs no orkut.
Meu profile em questão de meses vai ser apenas visto como exemplo de um artista decadente . Frases como: “lembro quando ele era alguém” vão ser sussurradas por terceiros e gargalhadas depois pelo desnecessário saudosismo.
Será que não estou dando atenção devida a todos? Será que devia usar mais Armani, Calvin Klein, Victor Hugo?
Será que vou terminar odiado por todos?
Por que sim, foi apenas um fã a menos, mas isso pode mostrar o início do declínio... já sinto o fim do meu reinado de popularidade.
Nunca mais centenas de scrap, milhares de spam, listas gigantescas de desconhecidos que só querem me cercar como a nobreza cercado os reis?
Sinto tudo que tinha se despedaçando... No final, só me restará ruínas e lembranças... Na sociedade do delete, fui trocado por alguém melhor. Um Upgrade necessário. E me preparo para evaporar, enquanto meus fãs apenas, desiludidos, me abandonam de vez.

ps: O texto foi considerado pelos críticos, exemplo d efutilidade aguda. A ironia agradece!

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

sem comentário



Ei, deixa eu entrar. Não me pergunte nada, não queira saber porque de tantas lágrimas. Eu só quero aqui ficar, calado. Te olhando, do seu lado. Me acalma, com seu olhar.Me apalpa, até eu relaxar.
Não me questione o que eu fiz. De onde vim, porque estou assim.. Não vai dar, meu bem, pra te explicar.
Mas me senta ali no mesmo sofá. Me faz um café daquele amargo. Me dá um beijo, depois um abraço. Quero dormir com seu afago.
Não me acorda se eu soluçar. Talvez ajude a magóa, controlar. Me deixe quieto no meu cantinho. Eu só quero do seu lado, ficar.
Me dá um beijo, e não se importe se eu não te corresponder. Um dia, eu pago a mesma forma pra você.
Deixa eu ficar no meu cantinho. Te olhando, preocupada. Não faça bico, não faça nada. Fique aqui me acalmando. Eu só preciso do seu café amargo e do seu abraço!

domingo, 11 de novembro de 2007

Vida sem rumo

Juro que vou tentar me controlar. Contei até 10, tomei um chazinho de camomila mas ainda assim posso desabafar com ira sobre este assunto. É que sempre chega fim de outubro e início de novembro me desespero com vestibular. Não por mim, é claro! Estou formado, mas fico uma pilha de nervos pelos pobres jovens que tem que fazer esse exame idiota que não prova nada. Não disse que só um chazinho não ia adiantar?

Vestibular e adestramento. Até hoje não vi diferença.
O aluno é adestrado a fazer uma prova de 5 horas com questões desnecessárias para “passar pra uma nova etapa”. Os que passam, vão pra faculdade e como pr~emio podem esquecer todas as decorebas inúteis que foram forçados a saber. Os outros recebem feno em cursinhos pré vestibular pra continuar o treinamento até aprender a pular mais alto. Luis Fernando Veríssimo sugeriu em uma de suas crônicas que o vestibular fosse soltar os candidatos no meio da Amazônia . E os que conseguissem sair estavam automaticamente classificados. As mães dos outros quando perguntado da sorte de seus filhos poderia responder emocionada: ele foi um dos que não voltou. Em vez de “é um burro que tomou ferro”. Em uma reportagem , vi um pai idiota dizendo que seu nervosismo era maior que do garoto. O menino pálido e o progenitor imbecil lá tranquilão conseguindo até sorrir.
Sei que estou perdendo a linha. Já pedi mais algumas xícaras de camomila pura com maracujá pra ficar mastigando ...
O que não acho justo é que o ensino de anos seja testado em algumas horas onde uma simples dor de barriga pode adiar um sonho por um ano. A complexidade desse sistema está em passar não os mais informados, inteligentes e sim, os mais adestrados. Eu fiz vestibular pra 6 lugares. 4 , eu queria demais e segui as normas padrões de dormir cedo, me alimentar bem e fazer a prova descansado. Em 2 outros lugares, eu sem achar que passaria, não me empenhei, fui a festas no dia anterior e dormi mal. Passei nesses e não nos outros.
Isso prova o que? Que quanto menos pressão, melhor o nosso resultado.


Para refletir: Que me importa se o médico que vai fazer uma cirurgia em mim, passou no vestibular A ou B? o que me importa é que ele tenha aprendido durante a faculdade e que faça o melhor pois eu confio minha vida a ele. Se ele sabe dissertar sobre o papel social do cinema, isso aí é extremamente desnecessário pra ele...
Garçom, camomila na veia e pode fechar a conta!

sábado, 10 de novembro de 2007

Biblioteca em doses

O garçom pirou. Deixou a biblioteca aberta e mandou a gente não ter pena. Chegamos covardes e meio destemidos. Tomei logo um gole de Veríssimo e kafka pra ficar meio doidão e irônico. Avancei e tomei sem fazer careta uma garrafa de Nietsche. Resolvi misturar tudo porque a biblioteca estava aberta e eu não podia desperdiçar. Abri uma caixa verde amarela e bebi Érico Verísiimo, Machado de Assis, Olavo Bilac e álvares de Azevedo. Nesse último chorei demais e resolvi sentar. Foi pior, o conforto faz a gente consumir mais e mais. Degustei Florbela Espanca e cecília meireles. quando já me achava intelectual demais parti para Walt Whiman e fiquei bradando como um velho capitão do mar. Depois, emendei com Shakespeare. Quando acordei havia ainda uns restos de dostoivesky e tive a pequena impressão que vi um copo de Marx.Me perguntei como Manoel Bandeira estava ali lado alado com Sófocles e Homero....
O garçom gritava algumas coisas incompreensíveis. Tinha um sotaque do sr Trovões mas nem acho que ele Maurice druon. resolvi bebericar um veríssimo pra sair com ironia eantes que ele reclamasse dei uma golada em aluísio De azevedo...
O garçom, que agora resmungava em outra língua, fechou a biblioteca sem antes verificar que eu n~çao ia tentar arrombar a porta. claro que não faria iso. Vou esprar pelo seu próximo impulso de solidariedade.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Sutileza, que nada!

"Luiz, você é sutil como um javali" Gabi Costa

Dizem que é na sutileza que o mundo apresenta as mudanças. Não sei quanto a vocês, mas sutil, meu mundo nunca foi. Vive me aprontando na cara dura. Sem muita finesse, sem nada! Talvez eu, grosso e bronco desde criança, não aprendi a arte do jeitinho e passei desapercebido. De qualquer forma, acho um erro de ser privado do mundo sutil. Nunca fiz parte. Nunca mesmo! O primeiro beijo demorou por essa razão. pelo menos, é minha hipótese. Certo que eu era e ainda sou lerdo; mas demorou muito para ver o sinal verde. Já o sinal amarelo, só vejo depois que avanço. Somente. E tenho as marcas de tapa na cara para provar. Testes e provas escolares com pegadinha sempre foram um desastre pra mim. Guardo meus boletins com sarampo também validando minhas afirmações.

Talvez seja uma desculpa, mas seria bom eu sentir as mudanças em etapas. Ninguém nunca me ensinou a fazer isso. Devo pedir indenizações ou já chegar quebrando tudo?

Bem, e esse blá blá blá todo é para que? Simples. Passei hoje pela Lagoa Rodrigo de Freitas e vi que estão montando a árvor de natal da Bradesco Seguros. Ou seja: O natal está chegando. Ou seja: Eu que já estou sem dinheiro, vou ficar ainda mais pobre comprando infindáveis presentes. Sem me planejar e nem mesmo esperar o maldito décimo terceiro. Planejamento é sutil demais para mim. E mais uma: no natal, sempre engordo. Que falta de sutileza!

três observações

Quando eu tive que mudar de ambientes, eu reparei que o número de fumantes no mundo havia diminuído. Quando voltei a frequentar os lugares de antes, percebi que não. eles apenas não saem das suas origens...

Esse pessoal tenta colocar marca, criar neologismo que muitas vezes são mal interpretados. Uma cooperativa do rio criou o nome Transalternativo coop. Pô, eu não sei se sou malicioso demais, mas pensei em tudo menos em um meio de transporte.

E a última observação é pra todos que passam momentos de garra. Fiquemos com abela poesia e um bom dia a todos!
“Seu legado é a coragem,
sua lição, a verdade,
sua arma, o amor.
Sua vida é o seu momento.
Ele agora pertence à Humanidade.”

Gandhi, por Louis Fischer

sábado, 3 de novembro de 2007

saudade

hoje acordei com saudade... E pra não deixar passar, uma poesia feita para um grande amor do passado...
saudade!


cada tempo, tem seu tempo.
Cada dia, tem seu instante.
Cada hora, tem um sentido.
Cada minuto, temos um motivo
Cada segundo, uma busca
Do meu lado : Você
Cada ação, tem uma reação
Cada meio, tem um fim
cada escolha, tem dois lados.
cada sorriso, um prazer
Cada prazer, uma cumplicidade
Do meu lado : Você
Em cada palavra, confidência
Em cada gesto, afeto
Em cada ousadia, respeito
Em cada abraço, um paraíso
Em cada olhar, incerteza
Do meu lado : Você
Em cada verso, um motivo
Em cada motivo, determinação.
Em cada tentativa, escolhas
Em cada escolha, uma certeza
Seja qual for o rumo a ser seguido,
em cada estrada a ser trilhada
Você do meu lado sempre!

terça-feira, 30 de outubro de 2007

uma obs

Jornalista durante escolha do Brasil pra sediar a a copa de 2014:
"Futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais do que isso"
hum... Estou pensando sobre o caso... Quando tiver uma opinião , eu volto a escrever... Se o próximo post , não falar sobre isso é que eu preferi ignorar mesmo...

garçom, sopas e outros clichês

- Tem uma mosca na minha sopa, garçom!
- Isso não é uma mosca!
- É sim! Estava voando e pousou bem no meio do meu prato.
- Desculpa, mas isso não é um prato.
- Claro que é. Minha sopa está em cima.
- É que... Isso não é uma sopa.
- Tá maluco? Que garçom doido é você?
- Pois, é senhor. Eu também não sou garçom.
- Ha, não? e o que você faz nesse restaurante?
- Perdão senhor, mas aqui não é um restaurante...
- É o que então? Um hospício?
- Exatamente senhor! Que bom que voc~e está voltando a si...
- Hunft!

...
- Tá, mas por que você mentiu pra ele dizendo que aqui é um hospício?
- cansei! simplesmente cansei...

E a semana começa!

sábado, 27 de outubro de 2007

Abolição


Libere-se das amarras. O cadeado está frouxo e o vigia dormiu. Fujamos agora! Deixe as mágoas e os medos para trás. Libere-se por uma noite. Uma que seja. Regue-se de vinho até perder parte da sobriedade. Deixe as palavras se enrolarem de vez em quando e alguns tropeços virarem gostosas gargalhadas. Ande de madrugada e ignore solenemente os alertas por ser perigoso. Isso pode. O que não dá é esquecer como a noite é deliciosamente fria. Como os pássaros se emudecem e entra no palco, pios noturnos. Tão graves e intensos. Dê beijos. Faça carícias, perca-se nos suspiros. Sexo, minha gente, não é pecado. Preguiça, sim. O inferno está cheio é de pessoas que esqueceram de arriscar ou correr atrás dos sonhos. Aproveite o desabafo e seja mais do que é hoje. Não fique tão envolvido em rótulos, ou senão vai passar o resto da vida dentro de uma garrafa, servindo a outros quando os convir. Confie na sua voz e cante pessoas. Encante multidões. Drible sentimentos terrenos como timidez e se dê de corpo e alma aos seus atos. Deixe que a vida te toque, te alise, te deslumbre. Chore de verdade e com berros e puxões de cabelo. Conter-se para quê, se nossos olhos sempre nos denunciam? Sejamos sinceros com aqueles que nos cercam, mas principalmente conosco. Não importa se você precisa ser dois ou três, mas se importe com todos os seus eu`s. Não se destrua, se vicie. Não perca a sua essência, sua identidade. Não siga o óbvio ou o padrão se você sente que deveria estar em outro caminho. Se percebe que algo está errado, mude o mais rápido possível. Destrua o que não te agrada sem machucar terceiros. Perdoe sempre que seu orgulho quiser gritar mais alto. Mas não deixe que isso, seja uma faca espetando seu peito. Ame-se, cuide-se, viva! A vida é feita de eternidade pois nossas obras, se bem feitas, serão inesquecíveis. Ou pelo menos, durarão, enquanto existir memória e saudade essa dupla gostosa que para viver bem, precisa viver sem amarras. Pois, então, libere as suas e venha brincar conosco!

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

acelera!



Acelera, vai, esquece o freio. Sabe aquele fiozinho na barriga? Não o sinto a tanto tempo. Corre, vai. Sem pensar. A vida é uma reta. Faz com ela o que quiser. Acelera, isso. Não se assuste com as pessoas que passam na janela lateral. A velocidade é um estado de espírito, um devaneio qualquer. Nem pense em pisar no freio. A velocidade é nosso sangue! Nosso motor. Parados, não somos. Corre, desembesta. Fecha os olhos, vai de qualquer forma. Não se preocupe com os vultos do lado. São medrosos que querem segurança. Vai, não para de acelerar. O céu não tem limite. Já passamos Deus. Somos imortais. Somos os melhores.
Nem ouse obedecer sinal vermelho. Não há mais regras para nós. Somos únicos, perfeitos, invencíveis. Não estamos velozes, somos velozes. Sinta o corpo se deformando incapaz de nos acompanhar. Deixe que essa carcaça podre se desintegre. Fique para trás. Somos energia. Pura e infalível. Podemos tudo. Inclusive ultrapassar aquele muro a frente. Vamos. É claro que podemos...

Aqui jaz dois jovens que pensavam que controlariam um carro a 240 KM/hora.
O verdadeiro ser humano conhece suas limitações. Não se importe de ser careta as vezes. Prefira a vida.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Pessoas meteoros



Pronto passou mais uma. Pessoas meteoros. Gosto desse termo. Pessoas que chegam, ficam nos tangenciando por um tempo x mas depois, vai saber por que, resolvem continuar avançando. Sempre deixam fragmentos das suas caudas em nossos planetas. As vezes bons, as vezes nem tanto. Pessoas meteoros. Normalmente são aqueles que nos ensinam a não crer tanto nos outros. São aqueles que nos decepcionam pela primeira vez e depois aprendemos que passarão muitos meteoros por nossa órbita. O problema dos meteoros que a primeira vista achamos que serão pessoas satélites. Que ficarão, talvez pra sempre. Mas satélites são raros. São aqueles que as vezes não nos deixam nada fícico, mas nos equilibra, nos faz sentir bem. São pessoas que ao acordamos , vemos ou sabemos que está lá pra qualquer momento aparecer. Os meteoros não. Aparecem como estrela cadente e somem em questão de segundos. As vezes, torcemos para que não sejam tão meteoros. Mas fazer o que , né? Está na essência de alguns, não se prender por muito tempo. E se nutrem na sua órbita e saem da mesma forma que entraram: ligeiros e em busca de novos planetas...

domingo, 21 de outubro de 2007

To Vazando!


Ta aí! Sinto saudade do fim de relacionamentos de antigamente.


Uma amiga minha acabou de dizer que o namorado terminou por MSN. Já ouvi falar de telefone e também acho ridículo.
Fim de namoro, noivado, casamento, seja lá o que for: Tem que ser presencial.
Com direito a barraco, palavrões até talvez tapa na cara. Gente, é o último encontro em estado de guerra. Precisa ter esse contato físico, senão é muito artificial. Daqui a pouco vão terminar por torpedo. Ai, gata, não dá mais pra rolar{ ficar, namorar} ctg {contigo}. To na pista {to solteiro} Pt SDS { intraduzível- Há estudiosos que acham que é saudações-}

Pelo menos ainda se comunicam pra avisar o fim. Na sociedade do delete, ainda há um gasto pro fim do namoro. Mesmo que seja de 0,29 centavos pelo torpedo.

Se já não tem, daqui a pouco vão fazer uma empresa de fim de namoro. Pode se chamar TNT- Términos, Neuras e Testamentos. Isso, uma empresa que resolva todas as bombas da vida. O slogan: Se acabou o oba oba, deixa a bomba pra gente. O serviço seria fácil. O cara nos avisa que terminou o namoro. A gente liga pra ela e avisa que ela é nossa mais nova cliente! E sem precisar pagar nada! Avisamos o motivo, se houver e levamos um lenço pro primeiro momento de choradeira; uma garrafa de vodka para o momento de esquecer; uma ida no nosso carro para o shopping mais próximo; também temos serviçios para arranjar um cara melhor do que seu ex bundão. Podemos trabalhar também com fretamento para tirar os utensílios da casa de cada um sem que haja mais contato. Seremos profissionais e acompanhamos até advogado para ver se realmente podemos tirar aquele coelhinho de pelúcia rosa do quarto dele.

Vão dizer que estou louco, mas acho que não. Antevejo situações. Mas concordo: Aquela briga no restaurante, a mulher que sai correndo até o garçom e o beija; ou aquela briga com gostinho de nunca mais me faz muita falta...

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Só um abraço!

Já passava de três da manhã. O carro parado em uma ribanceira entregue a escuridão completa. Não havia ninguém além do carro com vidros embaçados e dois jovens enamorados. No momento, completamente nus. Beijos, sexo, orgia... Tudo já havia acontecido as três da manhã... Menos um simples ato. Ele ousado resolveu arriscar. Afinal, já tinham chegado tão longe.
- Me dá um abraço?
- Um que?
- Um abraço. vai, só um. Tomou um tapa na cara.
Ela se vestiu furiosa e nunca mais se falaram. Afinal, se ele tinha coragem de pedir um abraço assim no início do namoro, o que faria depois? Pediria pra andar de mão dada? definitivamente, terminara aquela noite e nunca se arrependeu!


Precisei viver 6 copas do mundo pra entender o verdadeiro significado do abraço. Esse termo foi usado pela primeira vez no século XV mas acho que até hoje é mal interpretado. É alvo de brincadeiras quando o definem como amplexo que tem a ver com enlaçar alguém.
O abraço não é só um enlaço dos membros superiores do homo sapiens sapiens. é muito mais. na minha compreensão é mais que sexo. é o momento que os corações estão mais próximos. É sério. experimente só. Um abraço de verdade junta peito com peito. Deixa corpos unidos como um só. Pode ser rapidinho mas o melhor é aquele bem dado , apertado que um dos dois até levanta o outro.
Se vocês nunca se tocaram no poder do abraço, dê abraço em quem você ama. mas peça com jeitinho.... afinal, é necessário muita intimidade!

sábado, 6 de outubro de 2007

Preliminares

Imagine viver a vida sem ser notado? Sem fazer parte de algo? Sem ser importante para alguém?
O mais estranho é que muitos vivem e permanecem no anonimato, mas não se engane. Há pequenos personagens com grandes histórias e grandes indivíduos com biografias ridículas.
Sempre fui tímido. Um tímido notório apesar desse termo ser tão absurdo. Meu crescimento se deu mais pela luta do que qualquer outra ajuda de custo. Meus amigos, os leais companheiros, me seguem até hoje montando um exército para o bem. Tenho mil sonhos, banidos pela realidade. Tenho mil paixões banidas pelos contratempos; tenho um amor, banido ... Simplesmente banido.
Aonde quero chegar? é que somos proibidos de viver uma vida muito colorida. Temos alguns padrões, algumas formas estéticas a serem seguidas. Os ingredientes , já impostos pela sociedade coersitiva, me deixam enjoados. A monotonia e a burocracia em alta quantidade me tira aquele brilho nos olhos, aquela graça dos ânimos. Quando me vejo como um motor de sonhos , me p´reocupo com o futuro. Tenho projetos, vários. E ao contar para as pessoas sobre eles, não sei se é a forma que as palavras saem ou a ingenuidade das minhas idéias, mas o resultado é fascinante. Noto excitação, vontade, brilho nos olhos. Parece que dos sonhos mais loucos, surge a vontade geral de fazer parte de algo maior...
O mundo ficou pequeno demais para essa geração. Vamos em frente então... Banir não é mais uma solução viável... Vamos em frente... A utopia agradece.

Poesia abaixo é do grande Carlos Drummond de Andrade
Sentimental
Ponho me a escrever teu nome
Com letras de macarrão.
No prato, a sopa esfria, cheias de escamas
e debruçados na mesma mesa todos contemplam
esse romãntico trabalho.
Desgraçadamente, falta uma letra,
uma letra somente
para acabar teu nome!
- Está sonhando? Olhe que a sopa esfria!
Eu estava sonhando...
E há em todas as consciências, esse cartaz amarelo:
Neste país é proibido sonhar"
Poesia de Carlos Drummond

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Divagações

Maior dos prazeres



As vezes o maior prazer está em lembrar e contar prazeres antigos. Uma leve nostalgia, um copo de vinho com o reflexo da lua cheia e a gente ali sentado saboreando aqueles fatos marcantes. Se tiver som ambiente, que seja leve. MPB é uma boa pedida. Se a música for boa mesmo, nem precisa do vinho até porque na atual conjuntura é melhor economizar...

Esse é um dos prazeres mais nobres. As vezes considerado vã filosofia, discurso de bêbado ou simplesmente coisa de aposentado. Mas é no passado que se encontra o glamour das narrativas. A estória pode ser editada de acordo com o nosso interesse. Posso lembrar do romance com a linda menina do 402 sem precisar falar do pé na bunda...Não é mentira, apenas uma omissão salutar.

Passar conhecimento é o melhor dos prazeres. Claro que essa é uma frase proibida. E se me perguntarem, eu nego solenemente. Afinal, desde a infância, eu escuto que nada supera mulher, beijo e sexo, nessa ordem cronológica. Então quem sou eu pra discordar? E realmente estar com uma mulher é fantástico, nem precisa de copo de vinho, lua cheia e som ambiente.
Mas eu fico pensando no futuro. Quando for um velho gagá, sem força pra estar com uma mulher. Nem com viagra, copo de vinho, nem menos a lua cheia ou som ambiente. E me amedronta achar que não passei nada de novo. Que não deixei meu legado por aí. E quando morrer, ser lembrado apenas por tentar ironias em crônicas e por ter ficado com a menina do 402...
Afinal, a cada dia a gente escreve uma página de acontecimentos. Com ódios, prazeres e conquistas. Sim, as derrotas estou, deliberadamente, omitindo. Mas se não passarmos esse conhecimento para além de nós mesmo, para que adianta vivê-los? Se no futuro todo nosso corpo será comido por larvas. Bichinhos sem graça e brancos que não tomam vinho, não apreciam a beleza de uma lua cheia e um som do Caetano Veloso. E o pior: vão fazer comigo, o mesmo que farão com a vizinha do 402. Ô seres sem imaginação...

Ulisses e Luciana sumiram!

Luciana e Ulisses resolveram sumir. Eu disse que não dava pra confiar em personagem.
Eles somem, não deixam bilhete. Aí fica eu, com cara de tacho sem o post referente ao romance sobre eles. mas eu avisei que isso podia acontecer. Está na regra do jogo... Lê lá em cima pra vc ver...
Mas o Blog segue então sem eles. Deixa eles voltarem! deveme estar na lua de mel ou em alguma crônica do veríssimo... vai saber. Eu só sei que perdi o controle...
Segue o barco!

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Vida sem rumo 2



Quando me dei conta, o susto. Um misto de pavor e ansiedade. Estava sozinho. Sem nenhuma influência, comentário ou imposição sugerida. Tudo bem que não vale.Estava na terceira cabine do banheiro do segundo andar da rodoviária Novo Rio. Mas mesmo assim: Sozinho! Tentou-se lembrar dos últimos dias que pôde ficar sem ouvir vozes conhecidas com ladainhas pré-fabricadas. Há quanto tempo não ouvia seu inconsciente. E então, o inconsciente se manifestou. Não que tenha sido um fato bom, afinal: ele estava acuado, sentado em um vaso sem poder escapar dos berros que vinha de dentro de si.
- O que você pensa que está fazendo da sua vida? Seu mané! Você não quer isso. Não faça. Não faça.
- Não se meta. Deixa a vida me levar.
Mas os esporros no palco interior não cessaram por aí.
“Era domingo 17 horas e eu no banheiro da rodoviária com uma passagem para São Paulo. Sem muito o que fazer, apenas liguei o piloto automático e as coisas estão se conduzindo sozinhas. Vou fazer prova pra trainee. Uma grande empresa. Ajustar minha vida. Dar um jump na minha carreira, mesmo que seja pro lado errado.- PSSST! Não dificulte as coisas menino. Está tudo ótimo.
É está tudo ótimo. Vou deixar papai feliz. Mamãe orgulhosa... E o seu Zé, o padeiro da esquina- o melhor pãozinho do bairro em promoção- tão contente. Todos eles me apoiavam. Estavam do meu lado. Se eu me calava, eles decidiam. Se eu falava, me ignoravam. Tudo como deve ser. Senta-me amparado, acolhido. Meu pai tinha um quadrinho com a minha vida planejada até os 50 anos. Não sei porque ele não continuou. Eu queria saber o quanto ainda vou viver. Tinha até um tal de MBA. Super chique. Da moda. Minha mãe as vezes olhava para o alto e suspirava. Quando eram dois suspiros breves e um terceiro mais profundo, ela estava idealizando meu futuro. Via o local, a roupa, a mulher certa e o casalzinho de filhos correndo pela casa, fazendo aquela bagunça salutar. Mamãe sempre dizia que tem que ser dois. Se ela diz , quem sou eu para discordar? Tudo tão óbvio. Minha vida como um quebra cabeça com peças numeradas e coloridas estrategicamente para ficar mais fácil. Fácil... que palavra complexa.Compreensão até difícil apesar de suscitar paradoxos burros de conceito. Nunca soube distinguir o que era fácil ou não porque sempre fui colocado no caminho certo.Certo pra quem eu nunca perguntei. Afinal quem sou eu pra tentar entender algo da vida? – Você não sabe nada ainda- É muito jovem.- Eu já andei por esses caminhos e sei que você tem, que ir por aqui. É aqui. Faz isso. Aquilo. Ali-
O salgado e doce me foram doutrinados desde cedo. Nunca botei açúcar na empada ou sal no leite. Nunca experimentei nada fora das CNTP´s da sociedade. Se faz mal porque provar? Se machuca, porque pular? Se é arriscado, pra que tentar? Acomoda-se menino- Deixe que agente toma conta de tudo pra você. – Isso é complicado. As vezes se torna uma merda. Merda... Em falar em merda.Lembrei-me de onde estou. No vaso da rodoviária. Quase que me perco nesses pensamentos fúteis. Reúno tudo e dou a descarga. As merdas descem pelo esgoto. Anseios, desejos, ambições, todos se vão porque sonhar também fede. Todos os questionamentos se esvaem no funil do meu inconsciente. Calça pra cima e mãos lavadas. Olhos pra baixo. Não olho pro espelho nunca. Não quero saber o que estou refletindo. Chegou a hora,. Bilhete para São Paulo.Pensei no quadrinho do meu pai. O que tem depois dos 50? Pensei nos suspiros da mamãe.Naquele momento, ela deve estar suspirando mais que nunca. Quão orgulho! E o padeiro, Seu Zé- o melhor pãozinho da cidade em promoção- Deve estar torcendo por mim entre uma fornada e outra. Sou o resultado de desejos e especulações. Eu não posso decepcioná-los Embarquei no ônibus e vi meu destino tercerizado mais uma vez. Respirei aliviado e me acomodei na acolchoada poltrona cheia de traças invisíveis.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Capítulo 1 _ o sumiço

Aves negras
Que voam sem nexo
Me levem daqui
Esse mundo complexo
Com sangrias a ferir.
Me leve até a paz,
A calmaria sentinela.
Aqui eu não volto mais
Pulo agora dessa vida.
Despeço me sem choro.
A lágrima é saudade ,
E isso, não teremos
Alumínio intacto.
Mármore para dois.
Foi..fomos.Adeus.
ulisses ventura
Nossa história começa com essa poesia. Um mistério. Realmente enigmático. Foi a última escrita por Ulisses antes de sumir. Ele, Luciana e o pequeno Gabriel. Gabriel é o que achamos porque criança mesmo, nós nunca vimos. realmente, eles sempre foram meio doidinhos mas dessa vez passaram do limite. Sumir assim sem deixar um bilhete decente? Já tinham aprontado. Sim, já tinham. mas eram crianças, adolescentes. feitos mais emenos. Mais rebeldes do que aventureiros. Na verdade, Ulisses e Luciana nunca se encaixaram no padrão. Cresceram juntos e desde cedo aprontaram. Aos 6 anos( eles tem a mesma idade) correram com mais alguns vizinhos e soltaram uma dúzia de cachorros de suas casas. Disseram que queriam salvar os bichinhos...
Aos 12, com alguns cacos de vidro cortaram a mão de 8 crianças para uma seita que haviam acabado de criar. Seria a forma de se salvarem. Conseguiram é um mês de castigo e a tentativa dos pais de ambos de terminar aquela amizade-namoro. Conseguiram foi aproximar mais os dois e aos 13 rolou o primeiro beijo. Estão juntos até hoje. Unha e carne. Hoje com 21 anos e sumidos. Desde os 17, os dois estavam meio sumidos. Distantes. Não tinham mais planos mirabolantes e isso era estranho. Acharam que era maturidade mas não. Estavam planejando algo grande. Algo como nunca antes feito. Eu sei como é. Luciana e Ulisses nunca foram de pequenas coisas. com eles ou o céu ou nada feito. Mas agora vamos aguardar até segunda. Respirem bem e vou contar um pouco mais desses dois e do tal do Gabriel, se é que ele exista!

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Vida sem rumo 2


O trem da liberdade

Bilhete para as dez.
Apenas ida, por favor.
Olhos consternados,
Pequenos e com 11 anos.
A bagagem é fantasia,
O bilhete também.
Mas a vontade, real.
No bolso dois reais.
Duas figurinhas, uma tampinha.
Despediu-se de todos.
Da árvore e do cachorro.
Desceu a favela.
Perdeu o trem das dez.
Tentou correr e perdeu a tampinha.
Pulou cercas e rasgou uma figurinha.
Foi encontrado pelos pais.
E perdeu o dinheiro.
Teve o castigo por querer ser feliz.
Olhos tristes no quarto mais escuro.
A árvore e o cachorro o consolavam.
Seria difícil fugir.Menino consternado.
Ainda sobrou uma figurinha. Hum...
Bilhete para as onze, por favor.

Luiz Cezar O . marinho

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

introdução

Sentem-se! Sentem-se todos. Pode ser no chão, vamos. Sentem-se todos.
Façam um círculo e preparem-se pois uma história, eu hei de contar. Aconteceu em uma época não tão distante, em um povoado não tão perto. Um romance lindo entre dois jov...
-Parou, parou. Para tudo que eu quero descer.
- O que foi, menino?
- Você vai contar um romance?
- Sim, vou.
- Romance de um casalzinho?
- Exatamente. A linda história de Ulisses e Luciana.
- Há, para tudo. E olha o nome que você escolhe. Um herói de Homero com um nome comum...
- Esse romance promete ser diferente. Será um romance interativo.
- Como assim, velho? Pirou de vez!
- Altas tecnologias nos fazem delirar, menino. Esse romance é uma mistura de lições de vida, ficção e realidade. Para aqueles que me ouvirem pode servir para contar a alguém para dormir ou para sonhar. Minhas histórias prometem Uma realidade quase fictícia, e um sonho quase real. Um conto de fadas que precifica o feijão. Uma vida real que pode se tornar mais doce se degustada com intensidade. Não espero ter legiões de fãs ou ser aclamado nas multidões. Para mim, basta um sorriso sincero se a história o agradar.
- ...
- E como eu dizia é um lindo romance entre dois jovens de realidades bem diferentes. Um com a vida cheia de prazeres e de intensidade. Com o suco da vida. A outra, bebia os últimos goles de uma vida rala e sem nata.O que os dois fizeram, foi juntar suas realidades e beber cada gota da vida como se fosse a mais doce gota do café amargo.
Quem gostou desse início que continue conosco. Todas as segunda-feirass em doses homeopáticas a história de Ulisses e Luciana. O casalzinho que mudou a vida desse velho que vos narra. E espera de coração, que a história mude a de vocês.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Referências de inspiração


Hoje a Borra de Vida fala dos que inspiram. Dos grandes autores, filmes inesquecíveis, contos lendários. Sem preconceito algum. De William Shakespeare a Bruna Surfistinha.: afinal o poeta é um prostituto das palavras ou um gigolô da semântica! A nossa relação com as letras é tão sexual que se a palavra for nova pode se tornar pedofilia. Sempre tive uma admiração enorme por Walt Withman. Um tarado pelos poesias maravilhosas, pelo mar e a história de seu país. Um grande poeta e patriota americano que é pouquíssimo conhecido. Aqui e lá. Talvez vocês conheçam um pouco porque no filme Sociedade dos poetas mortos, o professor recitava vários trechos de suas poesias, incluindo o jargão “Capitão, Ó meu capitão”. O livro Folhas de Relva é maravilhoso. Autor que inspirou Fernando Pessoa, também me dá muitas dicas e eu espero as usar bem. Vou concluir esse texto com um trecho de um poema dele que mostra o quão o mundo é maravilhoso. Se agradar, procure na livraria mais próxima e brade conosco no mar da literatura atrás de ondas de saber e brisa da inspiração.
“É maravilhosos o fato que devo ser imortal? Todos são imortais; mas o alcance de minha vista é igualmente maravilhosos e o modo pela qual fui concebido no ventre de minha mãe é também maravilhoso. E o ter passado da fase de bebê que engatinha, em alguns verões e invernos, para a de um ser que fala e anda- Tudo isso é maravilhoso.
E que minha alma te abraça nesta hora sem que haja contato físico entre nós
Sem que nos tenhamos visto e talvez nunca nunca venhamos a nos ver, em cada detalhe, é maravilhoso.
E que eu possa te fazer lembrar desses pensamentos e que tu também terás e saberás que são verdadeiros, é também maravilhoso”
Walt Withman- Folhas de Relva- Quem aprende minha lição inteira?

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

vida sem rumo



Da criança ao vestibular

Acorda, nasce... Está na hora de pular dessa barriga, vem!
Vem que as chupetas em promoção já te esperam...
Consumidor de colo, chega mais!
E quando não fica no braços da mãe,
mamando nas tetas do governo materno,
está no berço enjaulado pagando por crime que não cometeu.

- Ô injustiça, exijo mudanças. Aonde é o balcão de reclamações? Vou chorar porque é o alarme mais eficiente que eu conheço. Vou chorar porque todos ouvem. Vem a coroa de cabelos vermelhos puxadora de bochecha que se chama avó; vem o parente dela fazendo palhaçada e me colocando no teto, vem a mamãe com cara de sono e eu a coloco pra ninar tirando aquele leite dela todo que devia estar a incomodando....

Para de brincar só com esses bichinhos.
Vai pro maternal, vai pra creche, vai pra aonde for.
Lá você vai aprender a ter uma vida pra ser doutor.
A jaula não é mais no berço, enfim!
Agora calcule a metade de um terço pra mim.
E faça o que a tia mandar
senão um pesado castigo
a tirana vai te passar.
Tabuada, capitania, tabela periódica, capitais,
Chibatada. Alforria, Era cenozóica, Nunca mais!

- Pra que estudar esses hominhos que já morreram? Se meus pais não sabem mais deles também, nem deve ser importante. Dizem que tudo que eu faço agora, vai se resultar no meu futuro. Mas parece que o meu futuro já tem hora e local pra ocorrer. Eu me preparo que nem um maluco pra esse tal de vestibular. Que tem prova com questões idiotas só pra eu decorar. Tomara que pergunte o que já estudei. Se perguntarem quem sou. Teri que dizer, não sei!

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Bem vindos!


Abre as cortinas do teatro. Abre as cortinas da vida. Um blog, um exemplo. Uma tentativa de um mundo melhor? Ou apenas palavras que vão entrar e sair sem nexo.
Borra de vida é antes de mais nada, um convite. Quanto tempo ainda temos? Muito pouco....
Quantos amigos preservamos? Quase nada! Quantas paixões intensas vivemos? Tirando os beijos de contrato e sem sentido. Os beijos fáceis e desavisados. Encostões de língua. Tirando todos estes. Quantos já tivemos? Quantas vezes expressamos nossos sentimentos verdadeiros e não lapidados pelo cinismo e etiquetas da sociedade? Quantas oportunidades perdemos, pois é muito arriscado seguir os sonhos? Quantas vezes deixamos para o amanhã e esquecemos de vez? Quantas mentiras contamos para não provocar grandes mudanças? Quantas vezes nos conformamos com as situações, com as pessoas e suas atitudes.
Pensem nas inúmeras discussões que tivemos que não valia a pena. Ou o contrário: em todas as nossas omissões e depois aquele pesar por não ter participado, lutado, ido em frente! Somos covardes, cidadãos! Nossos mundinhos cinzas e sem graça nos enganam uma vida razoável, mas é fácil saber se estamos indo pro lado certo.
Pegue um papel ( reciclado) e escreva três perguntas. Só três. São elas:
- Se hoje fosse meu último dia de vida, eu estaria prestes a fazer o que vou fazer agora?
- Eu estou indo atrás dos meus sonhos ou dos sonhos dos outros?
- Eu sou feliz?
Pergunte-se todos os dias ao acordar. Se as respostas não te agradarem, é porque sua vida podia ser melhor.
Borra de vida convida todos os leitores, a conhecer o mundo colorido e adocicado da vida.
Passe a freqüentar pelo menos uma vez por semana. Vamos tentar fazer um mundo melhor.
A campanha Saia da Porra de vida e venha pra Borra, está lançada!
A cortina está aberta em definitivo.


Tudo que nos separava, subitamente falhou
Rubem Braga

domingo, 9 de setembro de 2007

Regras do jogo!

Vou explicar as regras do jogo. São simples, eu juro...
Se quiser pegue um lápis. Caneta não, caneta nunca. Caneta marca pra sempre e mesmo que apaguemos com corretivo, fica a marca eterna. Ao usar papel para anotar, use papel reciclado. Ou use um outro lado de uma página já usada. Essa pode ser a regra zero: Salve o planeta. É o único que temos.

1- Borra de vida é um blog que vira romance, divagações e viagens plutônicas.
2- Como visitante da Borra você tem o direito de entrar sempre, de não ler todos os posts, de chorar ou gargalhar com tudo que há dentro dela.
3- As atualizações não têm contrato de dia certo para ocorrer, mas sim, vontade própria. Não sou eu que crio personagens. São eles que se exigem aparecer ou sumir do mapa. Sejam pacientes.
4- Qualquer texto pode ser copiado, impresso, declamado (declamar, eu sugiro pro seu bem que não... Se ainda fosse textos do Pessoa...) Contudo, peço apenas, que diga aonde o achou ou de quem é. O autor sempre agradece.
5- No fim do blog, desejo publicar um livro. Pode ser sobre o romance em si ou sobre as divagações e as viagens plutônicas. Eu já espero todos na noite de autógrafos.
6- A vida é feita de momentos incríveis. Borra de Vida tenta resgatar esses instantes e nos ensina a viver mais e melhor. Não há dosagem diária recomendada dessa substância. Mas não fique muito grudado em um computador. Se possível, imprima algumas páginas ( em papel reciclado, claro) e leia no campo, na praia ou deitado na cama comendo chocolate (Atenção: essa última combinação se feito a dois, pode causar efeitos afrodisíacos)



Para interessados em receber informações adicionais sobre o blog como datas, eventos e novos posts, basta entrar no grupo enviando um e-mail para:
borra-subscribe@yahoogrupos.com.br

sábado, 8 de setembro de 2007

preliminares 0

- Vamos lá! Vamos lá! Falta pouquíssimo tempo agora! Alguém coloca um tapete decente no palco! Já chamaram o encanador pra cuidar dessa infiltração? Daqui a pouco vamos precisar de uma arca de noé aqui dentro! E essa cadeira mofada! Troquem a fileira inteira! Vamos! E cadê a iluminação que eu mandei ter pro recinto? Eu disse diminuir a luz e não apagar tudo! Isso aqui não é um romance gótico! E pelo amor de Deus!!! Que arranjo de flores horríveis são esses aqui. Não quero saber se foi sua avó que fez com todo o carinho. Troca o arranjo! Troca de avó! Faça alguma coisa! Agora!


O blog Borra de Vida inaugura 10 de setembro. Não percam!!!
- Corre gente! Parecem um conjunto de lesmas depois do almoço!!!! Alguém traz um café pra mim! O maluco desse blog vai inaugurar em algumas horas! Nem adianta chiar! Já tentei prorrogar algumas horinhas mas ele foi irredutível. Besta como só ele! Nem dá pra entender que coisa é essa. Borra de vida! Ele comentou que vai ser um conjunto de divagações, romance e auto ajuda. Parece mais um resultado de um trabalhinho de um internado em hospício. Só eu mesmo pra me sujeitar a fazer parte de uma merda assim. E vocês ? Tão parados por que? Por acaso acham que já ta tudo pronto? Não, pó! Não ta. Se os leitores não gostarem do que virem aqui, eles não voltam mais, ok? NÃO VOLTAM MAIS! Quanto mais eu rezo, mais eu me afundo. Que café é esse? Demorou tanto que eu já perdi a vontade de beber. Mas faz o seguinte: engole você e vê se tem borra! Depois taca na parede e se escorrer, Ele vai gostar. Esses escritores estão cada vez mais exóticos.

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Divagações 1


Divagações 1- Nasce o sonhador!


- Menino, menino! Onde foi que ele se meteu?
- Continua lá soltando pipa. Deixa ele. Ele tá na idade de sonhar.
- E desde quando sonhar é bom?
- Na idade dele é.
-Não, aí se torna aqueles adultos sonhadores. Poeta. Só faltava ter um na minha família.Pra completar a desgraça.
- que absurdo, mulher!
- Acho que homossexual, eu até aceitaria. Maconheiro, ladrão...Até vai! Mas poeta é demais.
- Você é intransigente demais.
- Há ta... Imagina só. Um trovador. Entrar em casa cantarolando, olhando pros céus. Dizendo bom dia pras plantas...
- Que barato! Não seria?
- Cruz credo. Ia fazer poesias para as namoradas. Cantar embaixo da sacada. Ia chorar cachoeiras. Ser um sonhador. Era só o que faltava.
- O que importa é ser feliz.
- E desde quando quem sonha, é feliz? Tem aqueles planos mirabolantes. Aquele par de olhos brilhantes. Palavras que fascinam... O sonhador é um inconformado. Está sempre atrás de mais. Buscando deixar seus sonhos , perfeitos.
- E o que mal há nisso?
- Há, era só o que me faltava. Está na cara, Asdrúbal! Na cara! Quem sonha, não para nunca. Tem uma vida intensa. E mesmo assim, consegue abrir um sorriso. O sonhador é cínico, só pode ser. Como pode ser feliz não parando, não tendo uma vida normal?
- vai ver que o sonhador, nasceu pra não ter uma vida normal. Vai ver que se a vida ficar monótona, ele para. O sonhador precisa de cores, intensidade e sensações inéditas. É como um pássaro que se engaiolado, para de cantar.
- é como um pássaro engaiolado ou como uma pipa sem rabiola.
- Nossa, mulher! Que metáfora fabulosa... exatamente como uma pipa. Incrível! Você já tinha pensado nisso antes?
- Claro, Asdrúbal! Por que você acha que eu quero que ele largue logo a maldita pipa. Meu filho , um sonhador. Era só o que me faltava. Menino, vem já pra dentro!!! Agora!

E a mãe não conseguiu cortar a rabiola do jovem menino...E ele hoje é, quem diria, um sonhador!

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Sinto saudade



Sinto saudade... Do descompromisso, da omissão, das zombarias, das insanidades.
Daquele frio na barriga antes de descer do escorrega.Do primeiro cuspe na parede. Do primeiro palavrão. Daquele desespero 10 segundos antes do primeiro beijo. Sinto saudade das conversas na calçada, das noites mal dormidas, da época que tinha novidade para experimentar.Do pimeiro “ Eu nunca” e da salada mista. Da primeira viagem a primeira fuga da aula. Da festa da faculdade as gargalhadas acidentais. Sinto saudade de um bolo de chocolate que só minha vó fazia, do pavê da minha mãe, do cuscus da moça que vendia em uma bicicleta. Sinto saudade do vazio de pensamento, das filosofias de boteco, dos épicos papos antes de dormir. Sinto saudade de deitar na rede e conseguir pensar em coisa alguma. Pensando bem, sinto saudade de deitar na rede.
Saudade daquele sofrimento depois da primeira desilusão, da primeira reconquista. De quando eu urrava quando tinha dor e berrava se estava feliz. Saudade de um tapinha nas costas encorajador, dos ouvidos dos amigos. Sinto saudade até dos inimigos de uma época. Tão malvados quanto um arbusto seco e imóvel. Saudade dos que já se foram, dos que se escondem. Saudade daqueles que eu decepcionei ou que simplesmente desistiram. Saudade de sentar em um canto e chamá-lo de meu. De apagar as luzes e pensar pensamentos. Saudade de toda luta que eu me meti com garra no peito e sonhos na alma. Saudade de sonhar. Saudade de sair de casa sem saber pra aonde ir. Das caminhadas na rua sem direção. Daquele medo de ser assaltado andando as 10 da noite e chegar bem em casa.
Saudade de ser eu mesmo, sem precisar provar nada a ninguém. De Não precisar dar explicação. Principalmente pra mim mesmo.
Sinto saudade de mim.
E sei que um dia, em breve, tudo vai mudar de novo. E talvez lá, talvez nesse dia. Eu passe a sentir saudade de sentir saudade. Porque a vida é um relógio que não volta nunca e só nos mata com seu ponteiro agudo que não se cansa de avançar.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

certo dia, certa vez

Certo dia, telefonei. Certa vez, não atenderam.
Foi quando eu percebi não ter mais linha nem insensatez.
Fui um jovem promissor mas me apaguei em algum rabisco.
Fui um velho transgressor que esqueceu de se apagar.
Na loucura, me sinto bem. Com amigos, eu sou unidade.
A vida é feita de planos, suspiro e amizade.
Não mais, não tudo. Eu nunca digo tanto faz.
Me entrego, relevo.
Nunca me entrego,porque a vida é intensa demais.
Quer vir comigo, venha. Eu prometo sensações.
faça da sua vida, uma dose açucarada.
O doce da vida existe pra quem bebe até o fim.